terça-feira, 4 de janeiro de 2011

meio

Você falou da parte do corpo
Eu falei da calça
Você falou do momento e da pessoa
Nós rimos
E mal sabíamos

domingo, 26 de dezembro de 2010

correndo fora de tempo

lembro que da última vez foi ruim
eu quis transformar o longe em perto
(inutilmente)
e saí carregando comigo as lágrimas

não foi qual a penúltima vez
de novo a sensação de não acredito
e te ouvir falar
(eternamente)

acho que só gosto dos poemas porque estão
tão próximos

duas semanas
seis meses e vinte e dois dias
oito meses e dez dias
nove meses (amanhã)

acho que só gosto dos amores porque estão
tão longe

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Temor

Eu tenho medo de trovão, está chovendo
mas será que ele vem?

Eu tenho medo de tubarão, estou à deriva
mas será que ele vem?

Eu tenho medo de te perder, estou só
mas será que ele vem?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ambivalente

São cinco da tarde, meu bem
Estou olhando para o meu umbigo
O céu do lusco-fusco é lilás
E você não está aqui comigo

Será que é dia sagrado?
Ou sou eu que estou de castigo?
São cinco da tarde, meu bem
E você não está aqui comigo

Não sei se tu és meu amigo
Teu beijo não é mais o mesmo
E você não está aqui comigo

Não tenho noção do perigo
Pensei em dizer que te amo
E você nem está aqui comigo

terça-feira, 20 de abril de 2010

Acepção

Ontem eu gemia um gemido
Mudo e cheio de euforia
Seu olhar era pesado e me despia
E eu sabia que nada podia fazer
Senão a ti pertencer

Hoje eu choro um choro
Sonoro e ardente
Seu olhar é cruel e ausente
E eu sei que nada posso pensar
Senão em por ti esperar

Amanhã eu rirei um riso
Amargo e cheio de segredos
Seu olhar será distante e dará medo
E eu saberei que nada poderei fazer
Senão de ti esquecer

domingo, 18 de abril de 2010

Tão pobrinha

Meus embates são
Comigo a cada
Segundo em que a tua
Imagem vem à mente
E eu lembro do teu
Riso enquanto as
Lágrimas rolam na
Minha cara de coitada
A tristeza não põe
Mesa

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nero

Eu vejo pela fechadura
Cada vez mais escura

Eu vejo a minha vida
Cada vez mais turva

Eu vejo as esperanças
Carregadas pela chuva

Eu vejo a felicidade
Sumir depois da curva