vamos voltar a ser estranhos
por detrás das nossas telas
banhadas em álcool-gel
e formalidades
de quem convive com a cor
da tinta errada na parede
das madeiras diferentes dos móveis
da mancha de café no sofá
na constante inconsistência
entre nossas rotinas e objetivos
o que fazemos e o que queremos
ontologia e idealização
somos o que comemos
sonhos doces e máquinas voadoras
máquinas doces e sonhos voadores
despedaçados no chão
como um vidro de geleia
esquecido numa geladeira
em outra cidade
de quem convive com a dor
da mancha de vinho na parede
da nota fora da harmonia
do lugar vazio no sofá
a angústia vem num rompante
como uma crise de espirros
que nada mais é que um orgasmo
uma perversão
a contingência de Montaigne
o copo de design escandinavo
meio vazio
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