Sou uma entreguista do amor
Não tenho mais controle sobre mim
Minhas ações são a medida da minha dor
Não queria me vender assim
Meu coração é um setor chave
Não sei como liberalizei
Acho que não queria nenhum entrave
Que vença o mais forte, é a lei
Delego-te minha administração
Só prometa que de seus abraços
Não haverá expatriação
Ai, ai, terceiro ano afetando até a minha produção literária...
terça-feira, 10 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Questões
Será que posso parar de pensar em você?
Privar minha mente desse alimento?
Deixá-la se esvair com a inanição?
Sucumbir a este tormento?
Será que devo te esquecer?
Meia volta volver?
Partir sem nem olhar para trás...
... Jamais?
Será que devo me esconder
Por trás dos muros do meu temor?
Acordar ofegante à noite
Me perguntando se isso é amor?
Ou será que me entrego
À tua onipresença em mim
E vivo esse instante cego?
Privar minha mente desse alimento?
Deixá-la se esvair com a inanição?
Sucumbir a este tormento?
Será que devo te esquecer?
Meia volta volver?
Partir sem nem olhar para trás...
... Jamais?
Será que devo me esconder
Por trás dos muros do meu temor?
Acordar ofegante à noite
Me perguntando se isso é amor?
Ou será que me entrego
À tua onipresença em mim
E vivo esse instante cego?
domingo, 25 de outubro de 2009
Ser passageiro do 584
Ser passageiro do 584 não é esperar qualquer ônibus: é muito mais! Ser passageiro do 584 é ter certeza de que perder uma oportunidade é fatal. É empreender uma aventura de consequências inesperadas; é dar a cara a tapa e enfrentar o que vem pela frente.
Ser passageiro do 584 é se postar do lado da rua oposto ao ponto de ônibus, ver um deles passando do outro lado, e rezar fervorosamente para que o sinal feche e você consiga pegá-lo – o que, na grande maioria das vezes, não acontece. É morrer de raiva quando você está prestes a entrar no ônibus e a pessoa à sua frente faz a pior pergunta que a nata do 584 pode ouvir, já que a negativa lhe é óbvia: “Passa no Largo do Machado?”, e ser obrigado a abrir espaço para que essa criatura boçal saia. Pela porta da frente.
É ficar horas esperando no ponto, para que cheguem dois ônibus seguidos. Ou, pior ainda, esperar, esperar, esperar, para que chegue um dos velhos, cheio como uma lata de sardinha, e ir sacudindo até o destino final. Pode ficar pior: quando se está dentro da lata de sardinhas, olhar para o lado e ver um 584 novo e vazio, cortando as ruas lépido e fagueiro.
Ser passageiro do 584 é ter certeza de que nos dias de calor escaldante virá um ônibus sem ar e nos dias de chuva e frio o ar condicionado é pedida certa. É sentir um frio na barriga na hora da virada para a Farani, na qual o motorista sempre faz uma curva acentuada, ameaçando seguir para a Praia do Flamengo. Você pega o ônibus todos os dias, mas ainda cai nessa.
Livre adaptação da crônica "Ser Brotinho" de Paulo Mendes Campos
Ser passageiro do 584 é se postar do lado da rua oposto ao ponto de ônibus, ver um deles passando do outro lado, e rezar fervorosamente para que o sinal feche e você consiga pegá-lo – o que, na grande maioria das vezes, não acontece. É morrer de raiva quando você está prestes a entrar no ônibus e a pessoa à sua frente faz a pior pergunta que a nata do 584 pode ouvir, já que a negativa lhe é óbvia: “Passa no Largo do Machado?”, e ser obrigado a abrir espaço para que essa criatura boçal saia. Pela porta da frente.
É ficar horas esperando no ponto, para que cheguem dois ônibus seguidos. Ou, pior ainda, esperar, esperar, esperar, para que chegue um dos velhos, cheio como uma lata de sardinha, e ir sacudindo até o destino final. Pode ficar pior: quando se está dentro da lata de sardinhas, olhar para o lado e ver um 584 novo e vazio, cortando as ruas lépido e fagueiro.
Ser passageiro do 584 é ter certeza de que nos dias de calor escaldante virá um ônibus sem ar e nos dias de chuva e frio o ar condicionado é pedida certa. É sentir um frio na barriga na hora da virada para a Farani, na qual o motorista sempre faz uma curva acentuada, ameaçando seguir para a Praia do Flamengo. Você pega o ônibus todos os dias, mas ainda cai nessa.
Livre adaptação da crônica "Ser Brotinho" de Paulo Mendes Campos
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Da janela da área de serviço
Da janela da área de serviço
Posso ver um real à parte
Não tenho nada a ver com isso
Mas permita-me transformá-lo em arte
Posso ver nuvens pesadas
E o bosque de carros silvestres
Posso sentir a passada
Do pesado coração dos pedestres
Posso ver outras varandas
Me apresentarem outras vidas
As janelas indiscretas
E o cheiro branco das comidas
Mas quando cai a noite fria
E o sereno se espalha
Me recolho na agonia
E a janela se estraçalha
Posso ver um real à parte
Não tenho nada a ver com isso
Mas permita-me transformá-lo em arte
Posso ver nuvens pesadas
E o bosque de carros silvestres
Posso sentir a passada
Do pesado coração dos pedestres
Posso ver outras varandas
Me apresentarem outras vidas
As janelas indiscretas
E o cheiro branco das comidas
Mas quando cai a noite fria
E o sereno se espalha
Me recolho na agonia
E a janela se estraçalha
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Fui
Uma hora para ir embora
Escapar por entre os dedos
Na sarjeta sem demora
Lado a lado com meus medos
Pego um voo pro infinito
Vou aos trancos e barrancos
Me sufoco com meus gritos
E desabo dos tamancos
Vou embora na alvorada
No amargor da casa tua
Devoro a porta de entrada
E me misturo ao breu da rua
Escapar por entre os dedos
Na sarjeta sem demora
Lado a lado com meus medos
Pego um voo pro infinito
Vou aos trancos e barrancos
Me sufoco com meus gritos
E desabo dos tamancos
Vou embora na alvorada
No amargor da casa tua
Devoro a porta de entrada
E me misturo ao breu da rua
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Caos
E eu me sinto tão vazia
Diante da torneira pingando na pia
Entregue ao ócio do lar tão vazio
Das portas trancadas não sai nem um pio
Me afundo no poço das velhas perguntas
O peso do corpo magoa as juntas
Vou despedaçando as velhas lembranças
Das tempestades que nunca conheceram bonanças
Mergulho a cabeça no mar da derrota
Me sinto um samba de uma só nota
Esmago os pedaços de uma melodia
E rasgo as cortinas no raiar do dia
Diante da torneira pingando na pia
Entregue ao ócio do lar tão vazio
Das portas trancadas não sai nem um pio
Me afundo no poço das velhas perguntas
O peso do corpo magoa as juntas
Vou despedaçando as velhas lembranças
Das tempestades que nunca conheceram bonanças
Mergulho a cabeça no mar da derrota
Me sinto um samba de uma só nota
Esmago os pedaços de uma melodia
E rasgo as cortinas no raiar do dia
sábado, 15 de agosto de 2009
Vamos ser uma boa menina
Vamos ser uma boa menina
Entrar pela porta da frente
Cumprimentar
Vamos ser uma boa menina
Usar o colar que foi presente
Conversar
Vamos ser uma boa menina
Colocar o cinto no banco da frente
Estudar
Vamos ser uma boa menina
Ganhar um olhar de aprovação
E um carro
Enquanto as outras meninas
Errantes nas esquinas
Olham e assopram
Fumaça
Entrar pela porta da frente
Cumprimentar
Vamos ser uma boa menina
Usar o colar que foi presente
Conversar
Vamos ser uma boa menina
Colocar o cinto no banco da frente
Estudar
Vamos ser uma boa menina
Ganhar um olhar de aprovação
E um carro
Enquanto as outras meninas
Errantes nas esquinas
Olham e assopram
Fumaça
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