quinta-feira, 30 de julho de 2009

Deixa estar

Pra aprender
É andar
E deixar transparecer

Pra você ver
Que assim não funciona
Não tente prever

No seu campo de pregos
Não é você quem manda
Você vai enlouquecer

Em terra de acaso
É rei
Quem consegue esquecer

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Perdas

Já perdi um olhar
Jogado a esmo
Numa estrada que não dá em nada
Dando sempre no mesmo

Já perdi a conta
Das vezes que me perdi em você
Para tentar me achar em algum lugar
Onde você não pudesse me ver

Já perdi a cabeça
Na guilhotina da sua voz
Que não permite que eu esqueça

E não acho
Por mais que procure
Não acho

domingo, 19 de julho de 2009

Meia Hora

Meia hora mais claro
Eu vejo pela janela
Meia hora exala
Teu cravo e tua canela

Meia hora depois
O sono profundo
Meia hora mais tarde
Acabou-se o mundo

O que será da meia hora
Se os desejos do fundo
Se procriam agora?

O tolo respira
E um segundo ofegante
A meia hora vira


Domingo nublado é tão bonito!!!

sábado, 11 de julho de 2009

Nascer

O amor nasce no lodo
É como um rodo
Que passa e arrasta
A essência de si

O amor nasce no lixo
É como um bicho
Que precisa de espaço
Para poder viver

O amor nasce do nada
É como uma enxada
Cravada no solo
Do meu coração

O amor nasce em mim
E caminha para o fim
Morrendo aos poucos
Deixando-nos loucos

terça-feira, 7 de julho de 2009

Saudades

Não vou deixar
Que nada te leve
Que o tempo te apague
Que a distância te sugue

Não pode ser
Ninguém se atreve
Ninguém vai mexer

Não são meus olhos
(ou talvez sejam somente)
Talvez sejam os seus
A me olhar
Sob o sol

Ah, se eu pudesse
Te guardar na carteira

domingo, 5 de julho de 2009

The Breakfast Club

“A pergunta crucial numa relação é: ‘você quer tomar café-da-manhã com essa pessoa?’ qualquer imbecil pode dizer ‘vamos para a cama...’ Mas o café da manhã, a conversa...”
Nesses dias atribulados de viver na minha cabeça, essa frase do Gay Talese caiu como uma luva. Num domingo de manhã em que eu, contrariando todos os meus costumes de enjôo matinal... tomei café. Abri o jornal e lá estava ela, me fazendo entender toda a somatização e nojinho que eu estava tendo. O café da manhã é a cereja do bolo, cuja massa é feita de conversas e garrafas de cerveja no chão, o recheio, de lençóis e a cobertura, dos pés e cabelos misturados. Se você não ta a fim da cereja, melhor ir dizendo tchau pra tudo que veio antes dela.
Nessa mesma manhã, fui ler High Fidelity e dei de cara com uma parte que a Marie diz para o Rob “When I said before that I hoped it wasn’t the end of the evening I was, you know... Talking about breakfast and stuff. I wasn’t talking about another whiskey and another ten minutes of shooting the shit. I’d like it if you could stay the night”. E alguns dias antes eu estava vendo um episódio de Sex and the City, em que a Carrie dorme na casa do Alexander e na manhã seguinte ele faz panquecas para ela. Depois ela fica se perguntando se ele faz aquilo para todas. Depois de tanto tempo desprezando a refeição dos Sucrilhos Kellog’s, agora eu vejo como ela ta em todo lugar. É só andar pelas ruas do Leblon pra ver o Cafeína lotado, o Talho Capixaba com espera... Todo mundo querendo começar o dia com alguma coisa especial.
De agora em diante minha busca pela alma gêmea vai ser baseada no quanto eu estarei disposta a dividir uma omelete com alguém ou se eu quero que essa pessoa coloque granola no meu iogurte. Nem que eu precise fazer uma terapia anti enjôo matinal. Vamos vestir a camisa do café da manhã. Ou, quem sabe, a camisa do cara para tomar café da manhã no dia seguinte.